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publicado dia 22 de agosto de 2013

Brasil vive enxurrada de “Mister Makers” da educação

Não há pessimista capaz de achar ruim o fato da educação brasileira, num período de dez anos, ter virado uma pauta importante de conversa, do motorista de táxi ao parlamentar. Antes disso, era papo de intelectual.

A notícia não muito boa é que muitos vícios e mazelas da velha educação parecem ter sido transmitidos para uma nova geração de jovens criativos e, sobretudo, bem intencionados.

Basta frequentar eventos de aceleradoras ou incubadoras de negócios para constatar que há uma enxurrada de aplicativos e gadgets desenvolvidos por estudantes que procuram “transformar” a sala de aula e a maneira com que a educação encara os desafios deste mundo. De perto, essa é uma possibilidade remota pelo que é apresentado por eles.

É importante notar: a educação jamais será transformada por pensadores. Esse é o amargo legado que as conservadoras faculdades de Pedagogia deixaram às políticas públicas  brasileiras nos últimos cinquenta anos, exumando os cadáveres dos pensadores do passado. O universo da educação precisava mesmo dessa invasão bárbara de engenheiros, jornalistas, médicos e outros tantos.

O que tem faltado aos novos empreendedores de startups e criadores de aplicativos é um olhar sistêmico sobre o tema e a troca de conhecimento com quem está na linha de frente, ou seja, o professor e diretor da escola. Aliás, essa é uma geração que trabalha em rede mas tem  muita dificuldade em escutar o colega ao lado.

Em uma recente pesquisa, a Fundação Lemann e o Instituto Inspirare listaram tendências na área de inovação que realmente impactam no que importa: o currículo. A flexibilização do mesmo, juntamente às formas inovadoras de gestão e avaliação,  aliadas a uma formação de docentes remodelada são as únicas possibilidades de transformar de fato a educação de um país.

Os aplicativos, sites e outras novidades tecnológicas têm que estar alinhadas com ações de alguma dessas frentes  para tornar real o impacto de transformação. Eles não têm valor por si só.

Para não ser injusto, há boas novidades nas áreas do ensino adaptativo e do uso de games (para citar dois itens da pesquisa que mencionei), que apresentam esse potencial.

Criar protótipos e arriscar são parte importante do universo da criação. Mas quando escuto a justificativa de algum desses empreendedores, sinto que a educação a qual eles se referem não é a mesma que eu conheço – há pouco trabalho de pesquisa sobre estrutura e conjuntura do cenário e muitas abordagens sobre o tema parecem ingênuas.

O país vive um momento de fetiche e deslumbramento pela tecnologia na educação. Meu único receio é que nesse deleite, esqueçamos o principal: o currículo conteudista ainda está vivo e passa bem.  Se esquecermos do pano de fundo e não contextualizarmos as ideias e criações, não vamos passar de uma nação de “Mister Makers” da educação; pode até ser divertido criar, mas fica nisso mesmo.

PS: Para quem viveu a infância nos anos 80 e não tem filhos substitua no texto o termo “Mister Maker” por “Daniel Azulay” e tudo fará sentido.

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