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publicado dia 23 de outubro de 2013

Preocupação ambiental e inclusão são destaques na Mostratec

Experimentos, softwares, pesquisas e descobertas – tudo isso feito por jovens de 14 a 20 anos. Como se fosse por osmose, a ciência se espalha pelos corredores da Mostratec – Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, que ocorre a todo vapor em Novo Hamburgo (RS) até sexta-feira (25/10). Ao longo da semana, estima-se que ao menos 30 mil pessoas visitem o evento.

Os jovens, que vieram de todo o Brasil e de mais 26 países – alguns vizinhos, como Uruguai e Colômbia, outros distantes, como Índia e Turquia –, preenchem a gigante feira de eventos da cidade gaúcha com criatividade e expõem suas invenções para o mundo.

Economia energética e preocupação ambiental

A temática social e ambiental está presente na maioria desses trabalhos. Natalia Costa, estudante do Colégio Anglo Líder, fez seu projeto baseado nos problemas de Camaragibe (PE), município onde vive. No Bairro dos Estados, comunidade vulnerável da cidade, a estudante estimula os moradores a reutilizar o lixo, fazendo coleta e transformando-o em biogás. “Antes o solo estava muito empobrecido, pois jogavam o lixo nele. Tive o objetivo de sensibilizar a população para a prática da coleta seletiva”. Além disso, a utilização do biogás, que provém de uma mistura que tem como base o lixo orgânico, pode reduzir em até 50% as contas de energia. “Isso é consciência ambiental para melhorar a qualidade de vida dessa população”, avalia Natalia.

Já Leonardo Geraldo e Matheus de Moraes criaram o aquecedor solar reciclável, um sistema que utiliza garrafas pet e caixas de leite – revestidas de material preto e colocadas nas telhas de casas – para esquentar a água de residências. “Apesar de a energia hidroelétrica ser limpa, a gente sabe que ela é prejudicial ao meio ambiente pois desvia os caminhos naturais dos rios”, relata Leonardo. Para eles, estudantes do Colégio Sinodal Tiradentes, em Campo Bom (RS), o experimento ameniza os impactos do aquecimento global e também ajuda na reciclagem das garrafas. “Fizemos testes e, ao fim de um mês, a economia na conta de luz foi de 65%”, revela Matheus.

Educação no campo

A educação rural também é tema de pesquisa na Mostratec. O projeto “Plantando novas sementes na educação do campo”, criado por alunas da Escola Técnica Achilino de Santis, pretende incentivar a permanência do jovem no campo. Para tanto, desenvolvem atividades práticas e rurais com crianças, estimulando-as a produzir textos e desenhos acerca da experiência na roça. “A luta com a cidade é desigual”, lamenta Marília Cardoso, exemplo vivo de que o êxodo rural não é uma realidade absoluta. “Eu mesmo estudei aqui (Rincão dos Miranda/RS) e decidi permanecer no campo. Agora sou monitora do projeto”, relata.

Os alunos Patrick, Jardel e Andrei também têm o mesmo receio. Por isso, criaram o projeto “Práticas agroecológicas como mediadoras de ação coletiva entre famílias rurais e escola”, que tem o objetivo de resgatar a cultura do campo ao proporcionar conhecimentos de agricultura às crianças e sobre os riscos relacionados ao uso de agrotóxicos às famílias de todos os alunos da Escola Técnica Guaramano, localizada em Guarani das Missões (RS). “Criamos consciência ambiental e valorização dos recursos naturais”, acredita Jardel.

Direito dos deficientes

Outra temática bastante destacada nas pesquisas da feira de ciências é a inclusão de pessoas com deficiência. Estudantes do IFSUL (Instituto Federal Sul-Rio-Grandense) deram um novo sentido ao controle remoto de televisão: agora ele pode servir para facilitar os afazeres domésticos corriqueiros aos deficientes físicos, como acender a luz, ligar o ventilador e trancar a porta. “Criamos uma habitação inclusiva ao toque dos dedos”, relata Wellington.

Desenvolvido por alunos do curso de Eletrônica da Fundação Liberato, o Pocket Reader é um aplicativo destinado aos deficientes visuais que converte para voz qualquer texto impresso em até cinco línguas. Ao se depararem com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostrando que há 285 milhões de pessoas com deficiência visual no mundo, os criadores Gabriel Borges e Vinicius Weiler não titubearam em propor uma maneira de ajudá-los. “É muito importante para nós perceber que um deficiente consegue tirar informações de um livro”, explica Vinicius.

Para os deficientes visuais também foi criado um software que os ajuda a identificar as cédulas de dinheiro que carregam. “Os cegos são excluídos de nossa sociedade. Com o aplicativo, tentamos reparar isso. Seu objetivo não é pela importância do dinheiro, mas sim porque a maioria dos cegos é enganada nos momentos de compra e venda”, comenta Maria Tereza Blanco, que desenvolveu o software ao lado de Fabrício Samuel.

Softwares pela vida

Um software também ajudará a população de Corumbá, maior cidade de Mato Grosso do Sul, a controlar uma doença que tem assombrado a população: a leishmaniose visceral, transmitida por mosquitos. Desenvolvido pela estudante Rayana Ayala, o programa pretende ajudar a Secretaria de Saúde da cidade ao facilitar a identificação dos casos e auxiliar no tratamento. “É inadmissível que uma doença do século passado ainda esteja matando dez pessoas nos últimos dois anos”, indigna-se Rayana. Segundo ela, há regiões distantes do centro que os gestores de saúde não conseguem acompanhar. “Criei um sistema para solucionar um problema da minha cidade”, reflete.

Outros dois sistemas foram concebidos para diminuir as mortes no trânsito. Um deles é o software que detecta se o motorista está sonolento ao volante – se ele pisca e leva mais de um segundo para abrir os olhos, o sistema apita initerruptamente. O segundo é um bafômetro instalado dentro do carro, que identifica se a pessoa que está ao volante está alcoolizada o suficiente para impedir a ignição do carro.

O repórter Danilo Mekari viajou à convite da organização do evento.

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