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publicado dia 31 de outubro de 2013

Dia do Saci: pela valorização do folclore brasileiro

por Ana Luisa Basílio, do Centro de Referências em Educação Integral

O dia 31 de outubro sempre foi motivo de incômodo para um grupo de amigos. Isso porque a data dá espaço a uma festa norte-americana, o Halloween, e seus personagens nada brasileiros: bruxas, abóboras enfeitadas, zumbis e outros. A inquietação era justamente: por que não comemorar o dia tendo em vista o folclore nacional e seus inúmeros personagens míticos, como saci, curupira, boto e tantas outras lendas regionais?

O local escolhido para depositar a dúvida foi São Luís do Paraitinga, pequena cidade do interior de São Paulo, e ponto de muitas lendas regionais. E como locais de observação, as escolas. Foram algumas visitas em unidades urbanas e rurais e a constatação de que, por mais simples que fossem as instalações, a equipe pedagógica reservava um momento para comemorar o Halloween, ou o Dia das Bruxas, como diziam as crianças.

Era o cenário ideal para o início de um movimento, inicialmente tímido, que tinha como ideia central, valorizar a cultura brasileira a partir do Saci e de outros símbolos do folclore.

Sosaci

O que começou entre um movimento de amigos – autodenominados saciólogos ou observadores de sacis – ganhou o apoio da Prefeitura de São Luís do Paraitinga e a cessão da praça local como palco do primeiro evento público: “O Grito do Saci”, em alusão ao Grito da Independência, comemorado no mesmo mês.

Aberto ao público, o evento contou com a participação das escolas e da comunidade e com o apoio da imprensa local e também paulistana. A repercussão do movimento levou à realização de uma nova festa no dia 31 de outubro: a Festa do Saci, com maior envolvimento da comunidade local e escolar. Assim, se constituía de fato a Sociedade de Observadores de Saci – Sosaci.

Para Mário Cândido, um dos fundadores da Sosaci, a ideia central é a de que as pessoas conheçam e troquem mais informações sobre a sua própria cultura, especialmente as crianças. “Percebemos ao longo do tempo que as crianças, envolvidas pelos gibis, depois televisão e computadores, olham cada vez menos para o território em que convive. Conhecer o saci e o curupira é tão genuíno como conhecer o Batman”, argumenta. “Por que não inserir isso no repertório? O crescimento se dá a partir do meio e por que não olhar para o nosso ambiente?”, questiona Cândido.

Cultura brasileira

As intervenções da Associação sempre trazem uma gincana para envolver os alunos em brincadeiras tradicionais que resgatam os hábitos locais e que, sobretudo, tem como objetivo favorecer o envolvimento das crianças e escolas com o território. Também há música e roda de debate em que os organizadores falam não só sobre o folclore e seus personagens, mas sobre a cultura brasileira de maneira geral, e possíveis políticas públicas que poderiam favorecer o aparato cultural nacional.

“No início, não tínhamos ideia de onde o movimento chegaria. Hoje, no entanto, percebemos que a data do Saci instituída é uma porta para debatermos as políticas públicas e também para procurar manutenção para a Associação Sosaci”, afirma Cândido.

A Festa do Saci hoje é realizada em algumas cidades de Minas Gerais, Brasília, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, o 31 de outubro foi instituído como Dia do Saci em algumas localidades. Em São Paulo, as cidades São Luis do Paraitinga, Lorena, Cruzeiro e São José do Rio Preto já adotaram a data; em Minas Gerais, a cidade de Juiz de Fora; Curitiba, no Paraná; Fortaleza, no Ceará e Vitória, no Espírito Santo também aderiram ao movimento.

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