publicado dia 28 de agosto de 2014
Conectados: pesquisa revela como internet impactou processos educativos de jovens brasileiros
por Yuri Kiddo
publicado dia 28 de agosto de 2014
por Yuri Kiddo
Yuri Kiddo, do Promenino com Cidade Escola Aprendiz
A tecnologia e o uso da Internet podem contribuir para a melhoria da relação entre alunos e professores, inclusive além da sala de aula, com a participação ativa em redes sociais, blogs e trocas de informações por e-mail. É o que revela a pesquisa Juventude Conectada lançada na quarta-feira (27) no RIA Festival. O evento reuniu painéis e oficinas de tecnologia, com a proposta de reflexão, ações e interatividade em relação às novas formas de conectividade.
Realizado pela Fundação Telefônica Vivo, em parceria com a Escola do Futuro da USP, IBOPE Inteligência e Instituto Paulo Montenegro, o estudo revelou que 54% dos entrevistados acessam a Internet para se preparar para provas e testes como o ENEM, vestibulares ou concursos públicos. “O uso da Internet para o aprendizado é uma realidade. A pesquisa mostra que os jovens têm mais facilidade para realizar trabalhos escolares e atividades propostas em sala de aula”, afirma a diretora presidente da Fundação Telefônica Vivo, Gabriella Bighetti. “Um dado nos surpreendeu: apesar de todo o uso da conectividade para ajudar a estudar, ela não substitui a presença em sala de aula.”
Metade dos entrevistados, porém, afirmam ter receio de expressar suas opiniões na web. De acordo com Gabriella, o stress de uma discussão virtual ou uma exposição indesejada afeta as pessoas fora da rede. “Ainda é preciso nos reeducar nas redes. Os adolescentes e jovens percebem a Internet como um meio importante de expressão e ativismo, mas a intolerância em relação à opinião diversa faz com que o jovem deixe de opinar”, analisa.
O estudo entrevistou 1.440 jovens de 16 a 24 anos, de todas as regiões do Brasil, e buscou entender o comportamento da juventude na era digital, por meio de quatro eixos: comportamento, empreendedorismo, ativismo e educação. Inclusive, criaram-se momentos de debate entre os participantes e entrevistas com especialistas para ajudar a analisar as inovações impulsionadas pelo uso da tecnologia.
Do analógico ao digital
Uma dessas mudanças é o papel do professor: 38% dos jovens admite enxergar o educador como um “orientador de estudo”, criando uma relação mais horizontal, que ultrapassa a sala de aula e o horário escolar. Para a coordenadora científica do Conselho Deliberativo da Escola do Futuro (USP), Brasilina Passarelli, as novas tecnologias estão revolucionando a maneira de se comunicar, produzir e receber informação. “O aluno é mais interativo em diversas interfaces e de forma simultânea. Há a necessidade de reinventar a educação como um todo, desde o papel do professor ao papel do aluno. Essa é uma reivindicação do aprender.”
Se antes havia a necessidade em fazer curso para aprender a mexer em computadores de mesa e notebooks, hoje as coisas são diferentes: 71% dos jovens acessam a Internet pelo celular, e 42% o apontam como principal meio de acesso. Em segundo lugar, o computador de mesa (33%), seguidos de notebooks (22%) e tablets (2%). “Essa revolução do celular é o ‘em todo lugar e a qualquer hora’. Diferentemente de outros países, o papel do celular também envolve o processo de democratização da comunicação e informação”, comenta a diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, Ana Lúcia Lima.
Nas regiões Norte e Nordeste, o número de jovens que usam o celular como principal meio de acesso à Internet sobe para 90% e 76%, respectivamente. “O acesso das pessoas da Região Sudeste, por exemplo, é mais antigo – são pessoas que têm computadores de mesa e notebooks”, analisa Ana Lúcia. “Enquanto nas regiões Norte e Nordeste, o uso da Internet e novas conectividades é emergente, por conta de razões econômicas e sociais, que permitem também o maior acesso”.
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